A agricultura regenerativa é uma abordagem sustentável para o cultivo de alimentos que visa não apenas melhorar a saúde dos ecossistemas agrícolas, mas também desempenhar um papel fundamental na luta contra as mudanças climáticas.
Mas como o carbono se conecta a esse conceito?
Uma das principais vantagens dessa prática é justamente a sua capacidade de sequestrar o carbono da atmosfera, ajudando a reduzir a concentração de gases de efeito estufa responsáveis pelas mudanças climáticas.
COMO FUNCIONA O SEQUESTRO DE CARBONO PELO SOLO?
O sequestro de carbono no solo se refere ao processo em que o dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera é capturado e armazenado no solo. Ele pode ocorrer de diferentes formas. Uma delas é através da incorporação de matéria orgânica no solo, como resíduos vegetais, esterco ou restos de culturas agrícolas. Essa incorporação é realizada por microrganismos que decompõem a matéria orgânica, liberando o CO₂ e permitindo a integração do carbono na estrutura do solo.
O sequestro de carbono também ocorre por meio das raízes das plantas. Afinal, as plantas retiram dióxido de carbono da atmosfera por meio da fotossíntese e parte desse carbono é enviado para as raízes, onde é liberado no solo.
Além disso, o sequestro de carbono também pode ocorrer via fixação biológica do nitrogênio. Isso porque várias espécies de plantas estabelecem uma relação simbiótica com bactérias fixadoras de nitrogênio. Essas bactérias transformam o nitrogênio atmosférico em formas utilizáveis, aumentando a biomassa das plantas e, consequentemente, o teor de carbono no solo.
Por fim, os agregados do solo, formados a partir da agregação de partículas minerais e matéria orgânica, estão entre os principais responsáveis pela retenção de carbono no solo. Esses agregados contribuem para a estruturação do substrato e impedem sua decomposição, permitindo que o solo atue como estoque de carbono por mais tempo.
Técnicas de agricultura regenerativa alavancam o sequestro de carbono.
O sequestro de carbono na agricultura regenerativa é alcançado por meio de uma série de técnicas e práticas agrícolas cuidadosamente planejadas como, por exemplo:
Cultivo de cobertura: A utilização de culturas de cobertura, como leguminosas, gramíneas e outras plantas, entre as principais safras, mantém o solo coberto durante períodos em que normalmente estaria exposto. Essas culturas ajudam a fixar o carbono atmosférico no solo por meio do processo de fotossíntese, onde as plantas absorvem dióxido de carbono (CO₂) para o crescimento e liberam oxigênio.
Rotação de culturas: Alternar diferentes tipos de culturas em uma mesma área de cultivo ajuda a melhorar a saúde do solo, aumentando sua capacidade de reter carbono. Plantas variadas têm sistemas radiculares distintos, melhorando a estrutura do solo e sua capacidade de armazenar matéria orgânica rica em carbono.
Plantio direto: A prática de evitar o uso excessivo de arado ou de maquinário pesado no solo ajuda a preservar a estrutura deste e evita a liberação de carbono armazenado no solo.
Biofertilizantes: O uso de compostos orgânicos em vez de fertilizantes químicos melhora a qualidade do solo, aumentando a quantidade de carbono retida.
Agroflorestas: A combinação de árvores, culturas e/ou criação de animais no mesmo espaço favorece a formação de um ecossistema complexo e equilibrado. As árvores capturam carbono da atmosfera e auxiliam a fixá-lo no solo, contribuindo para a retenção a longo prazo.
Essas práticas de agricultura regenerativa não apenas sequestram carbono da atmosfera, mas também têm efeitos positivos no dia a dia da fazenda, impactando positivamente a vida do agricultor. Outros benefícios de praticar a agricultura regenerativa são:
· Aumento a fertilidade, a porosidade, a infiltração e a capacidade de retenção de água no solo;
· Permite que o sistema radicular das plantas alcance profundidades maiores;
· Melhora a resistência do solo à compactação;
· Aumento da biodiversidade do solo, especialmente de microrganismos que favorecem a produtividade agrícola e a sustentabilidade dos ecossistemas;
· Prevenção dos efeitos que as mudanças climáticas podem provocar nos sistemas agrícolas, como secas ou chuvas intensas, infestação de pragas e doenças, entre outros problemas.
· Em outras palavras, o sequestro de carbono no solo favorece não só a preservação do meio ambiente, como consequência, todo o sistema agrícola é beneficiado.
VOCÊ PRECISA SABER!
Vale lembrar que o produtor que investe em práticas que favorecem o sequestro de carbono, e a retenção deste no solo, também pode obter vantagens econômicas. Afinal, além da alta produtividade da safra, futuramente, ele pode ingressar no mercado de carbono e obter um retorno financeiro em função da atividade de capturar e estocar carbono em sua propriedade.
Para conhecer mais sobre essas práticas e a sua aplicação, conte com nossos consultores. A ORÍGEO tem como missão a implantação de boas práticas agrícolas em larga escala visando aumento de produtividade, rentabilidade e sustentabilidade dos nossos clientes e, para isso, temos um time capacitado com as melhores técnicas, produtos e parceiros.
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