As técnicas de manejo agrícola abordam todos os aspectos da produção. Porém, é crucial ressaltar que o controle eficiente de plantas daninhas, pragas e doenças, desempenha um papel determinante na produtividade final da cultura de soja.
Nos últimos anos, as doenças passaram a ter maior importância no País, devido ao aumento da área semeada em solo nacional. Outros aspectos, como a ampla janela de semeadura, a expansão da cultura para novas regiões e a entrada de novos patógenos, fizeram das enfermidades um dos principais limitantes para a cultura obter alta rentabilidade.
Esse contexto exige um nível crescente de conhecimento técnico e acompanhamento da lavoura, além do desenvolvimento tecnológico e de novos métodos de manejo.
MANEJO DE DOENÇAS
O primeiro passo para realizar um programa adequado de controle de doenças na soja é a correta identificação do problema existente na área. Cada enfermidade possui uma característica específica. Além disso, a detecção precoce pode ser decisiva para a realização de medidas de manejo eficientes.
O monitoramento periódico na lavoura é crucial para identificar folhas manchadas, com baixo desenvolvimento ou necrosadas, vagens com manchas ou abordadas, hastes com manchas ou necrosadas e partes do talhão com problema de desenvolvimento.
Após identificar e analisar a área, é necessário tomar medidas assertivas de manejo, a fim de minimizar as consequências do patógeno.
A seguir algumas das principais doenças que afetam a sojicultura.
⦁ Ferrugem-asiática em soja (Phakopsora pachyrizi)
DESENVOLVIMENTO
Podem aparecer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta.
O processo de infecção depende da disponibilidade de água livre na superfície da folha, sendo necessárias no mínimo seis horas, com um máximo de infecção ocorrendo com 10 a 12 horas de molhamento foliar.
SINTOMAS
Os primeiros sintomas são caracterizados por minúsculos pontos (no máximo 1 mm de diâmetro) mais escuros do que o tecido sadio da folha, de coloração esverdeada a cinza-esverdeada, com correspondente protuberância (urédia), na página inferior da folha. As urédias adquirem cor castanho-claro a castanho-escuro, abrem-se em um minúsculo poro, expelindo os esporos hialinos que se acumulam ao redor dos poros e carregados pelo vento.
CONTROLE
O controle químico com fungicidas formulados em mistura de diferentes grupos químicos tem-se mostrado eficiente. O fungicida deve ser aplicado preventivamente ou nos primeiros sintomas da doença. Há cultivares resistentes no mercado, porém, não dispensam utilizar fungicidas.
⦁ Podridão radicular de fitóftora (Phytophthora sojae)
DESENVOLVIMENTO
As condições climáticas ideais para ocorrência de falhas na emergência e do tombamento em plântulas são temperaturas em torno de 25 °C e elevada umidade no solo durante a semeadura e a emergência.
O patógeno desenvolve estruturas de resistência (oósporos), que permanecem viáveis em restos de cultura e no solo por muitos anos. Em estádios mais avançados, os sintomas variam com o nível de resistência e tolerância da cultivar.
SINTOMAS
Os sintomas podem ser encontrados em plantas de soja em qualquer fase de desenvolvimento.
Sementes infectadas podem apodrecer ou germinar lentamente, resultando em morte de plântulas, que ficam com os hipocótilos com aspecto encharcado e de coloração marrom.
Em plantas adultas, os sintomas têm início com a clorose de folhas e murcha de plantas. As folhas secam e mantêm-se presas à haste. A haste e os ramos laterais exibem apodrecimento de coloração marrom-escura.
CONTROLE
Para evitar falhas na emergência, são indicados uso de cultivares resistentes e melhoria das condições de drenagem do solo. Não há medidas de controle recomendadas para plantas adultas.
⦁ Antracnose (Colletotrichum truncatum)
DESENVOLVIMENTO
A antracnose é uma doença que afeta a fase inicial de formação das vagens e ocorre com maior frequência na região dos Cerrados, devido à elevada precipitação e das altas temperaturas. Em anos chuvosos, causa redução do número de vagens, induzindo a planta à retenção foliar e à haste verde.
Sementes oriundas de lavouras que sofreram atraso de colheita podem apresentar índices mais elevados de infecção.
SINTOMAS
Pode causar morte de plântulas e manchas negras nas nervuras das folhas, hastes e vagens. Pode haver queda total das vagens ou deterioração das sementes quando há atraso na colheita. As vagens infectadas nos estádios R3-R4 adquirem coloração castanho-escura a negra e ficam retorcidas.
As partes infectadas geralmente apresentam várias pontuações negras, as quais são as frutificações do fungo (acérvulos).
CONTROLE
Recomenda-se o uso de semente sadia, tratamento de semente, rotação de culturas, espaçamento entre fileiras e estande que permitam bom arejamento da lavoura e manejo adequado do solo, principalmente com relação à adubação potássica. Além do manejo químico, com produto específico em áreas com presença do patógeno e com condições adequadas para seu desenvolvimento.
⦁ Mancha-alvo (Corynespora cassicola)
DESENVOLVIMENTO
O fungo é encontrado em praticamente todas as regiões de cultivo de soja do Brasil. Aparentemente, é nativo e infecta inúmeras plantas nativas e cultivadas.
Pode sobreviver em restos de cultura e sementes infectadas. Umidade relativa é favorável à infecção na folha.
SINTOMAS
As lesões se iniciam por pontuações pardas, com halo amarelado, evoluindo para grandes manchas circulares, de coloração castanho-claro a castanho-escuro, atingindo até 2 cm de diâmetro.
Geralmente, as manchas apresentam uma pontuação escura no centro, semelhante a um alvo. Cultivares suscetíveis podem sofrer severa desfolha, com manchas pardo-avermelhadas na haste e nas vagens. O fungo também infecta raízes.
CONTROLE
Recomenda-se o uso de cultivares resistentes, o tratamento de semente, a rotação de culturas com milho e espécies de gramíneas, e o controle químico com fungicidas.
⦁ Podridão-de-carvão (Macrophomina phaseolina)
DESENVOLVIMENTO
Áreas onde o preparo do solo não é adequado, permitindo a formação de pé de grade, resultam em plantas com sistemas radiculares superficiais, com pouca tolerância à seca. Essas plantas são mais vulneráveis ao ataque de Macrophomina, principalmente em condições de déficit hídrico.
SINTOMAS
A infecção das raízes pode ocorrer desde o início da germinação, visto que o fungo é um habitante natural dos solos.
Lesões no colo da planta são de coloração marrom-avermelhada e superficiais. Radículas infectadas apresentam tecidos com escurecimento.
Após o florescimento, e ocorrendo déficit hídrico, as folhas tornam-se inicialmente cloróticas, secam e adquirem coloração marrom.
CONTROLE
Mostra-se eficaz as ações de cobertura adequada do solo com restos de cultura e bons manejos físico e químico do solo.
Em solos compactados fazer escarificação para facilitar a penetração das raízes.
⦁ Crestamento foliar de cercospora (Cercospora kikuchii)
DESENVOLVIMENTO
O fungo está disseminado por todas as regiões produtoras de soja do País, porém, é mais severo nas regiões mais quentes e chuvosas.
É o fungo mais frequentemente encontrado em lotes de semente, porém, o mesmo não afeta a germinação.
O fungo pode ser introduzido na lavoura por meio de semente infectada e não tratada, porém, o mesmo sobrevive nos restos culturais.
SINTOMAS
O fungo ataca todas as partes da planta.
Nas folhas, os sintomas são caracterizados por pontuações escuras, castanho-avermelhadas, com bordas difusas, que aderem e formam grandes manchas escuras, resultando em severo crestamento e desfolha prematura.
Nas vagens, aparecem pontuações vermelhas que evoluem para manchas castanho-avermelhadas. O fungo causa manchas vermelhas nas hastes, limitadas ao córtex.
Quando a infecção ocorre nos nós, o fungo pode penetrar na haste e causar necrose de coloração avermelhada na medula.
CONTROLE
O controle deve ser feito utilizando cultivares livres do patógeno, tratamento de semente e aplicações na parte aérea, utilizando fungicidas.
VOCÊ PRECISA SABER!
O manejo eficiente de doenças na lavoura de soja não apenas proporciona benefícios imediatos, como a proteção da safra atual, mas também contribui para a sustentabilidade a longo prazo da produção, preservando a saúde do solo e reduzindo a pressão de resistência a fungicidas.
É fundamental adotar abordagens integradas e sustentáveis para garantir a resiliência e a produtividade contínua.
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